Entre ingênuos e libertos, todos eram órfãos? Disputas pelo pátrio poder e outras possibilidades acerca da menoridade em Piraí-RJ, (1872–1910)
Resumo: Este artigo é parte de uma investigação sobre as relações familiares e de trabalho para mães e filhos racializados em Piraí, região do Vale do Paraíba Fluminense, nas últimas décadas do século XIX. Para isso, utilizamos como fonte os processos tutelares e os contratos de serviço firmados no Juízo de Órfãos entre 1870 e 1910. Essas fontes nos permitem considerar a infância como uma categoria analítica para complexificar as sociabilidades construídas no ambiente rural. Dessa forma, a investigação das experiências de menores ingênuos e libertos nos permite compreender como a inserção desses indivíduos nas dinâmicas produtivas, após a Lei de 1871, afetou as relações familiares e as estratégias de sobrevivência em meio à escravidão e nas formas de liberdade. Propomos, assim, investigar como as disputas pelo pátrio poder afetaram as relações familiares, em prol do controle das forças produtivas dos membros que as compunham. Ao averiguar esses conflitos, buscamos argumentar como a criação de um discurso de orfandade, por parte dos tutores, possibilitou que a esfera do Juízo de Órfãos reforçasse estigmas e condutas que perpetuavam as práticas escravistas mesmo após a abolição, bem como as estratégias dos menores e seus familiares em busca de maior autonomia.
Palavras-chave: Tutela. Trabalho. Família. Juízo de Órfãos.
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