Manipular o tempo e desenrolar a bobina ao contrário
Resumo: Este artigo questiona uma das principais características narrativas da historiografia sobre a história dos cursos superiores de História no Brasil, a saber, a filiação às experiências dos cursos da Universidade de São Paulo (USP) e da Faculdade Nacional de Filosofia a partir de critérios pautados na cronologia, ou seja, na aceitação de que os primeiros cursos, como tais, teriam um papel orientador na compreensão das experiências posteriores. Tal questionamento parte da premissa de que o elemento temporal, na narrativa histórica, é uma construção, uma manipulação do ofício, e que, portanto, pode assumir diferentes recortes. Por isso, propõe ainda outros parâmetros para a elaboração de histórias sobre a referida temática.
Palavras-chave: Curso de História. Historiografia. Narrativa.
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