Editorial
Ao nos debruçarmos sobre a historiografia, temos a forte impressão de que colocaram a escrita da História como uma dicotomia entre o espaço civilizado, dinâmico como pertencente à área das cidades, em oposição aos lugares incultos, incógnitos, distantes e atrasados, que ficam legados ao campo, ou melhor dizendo, aos sertões. Fazendo uma análise mais profunda, percebemos que estas são construções arraigadas em dados pensamentos, mas que não correspondem as relações sociais, espaciais e culturais em sua totalidade, pois existem muitas nuances entre esses conceitos. Ambos os espaços dialogam, são representativos e possuem um elo de ligação latente na formação social de seus agentes. Compreendemos que o conceito de sertão não é algo fixo, determinado ou engessado aos lugares que possuem uma paisagem com pouca água e de terra gretada. O sertão que buscamos e entendemos, em nossos diálogos, é fluido. Onde as pessoas reconhecem seus costumes, suas paisagens, seu cotidiano, de modo que cada ator social abrange o sertão a seu modo, interesse e objetividade. Dessa maneira, adotamos o conceito de sertões com s no final, por o considerarmos múltiplo e diverso.