Capa da Revista Galo Nº 5 de 2022
Dossiê: História dos Sertões Ano 3, nº 5 jan./jun. de 2022
Como citar?
 

Prezada Cora Coralina, vamos falar dos sertões?

Resumo: Sertão constituiu uma classe da localização geográfica desde que Pedro Álvares Cabral e suas caravelas estiveram na Terra de Vera Cruz, em meados do século XVI. Já nesse tempo houve o registro desse espaço através da carta do escriba da frota cabralina. Talvez por isto, os estudos sobre os sertões brasileiros, continuaram a usar, hegemonicamente, a escrita masculina como fonte de pesquisa. Assim sendo, este trabalho pretendeu fazer um giro contrário e mostrar a poética dos sertões brasileiros através da literatura escrita por mulheres. Foram analisadas poesias de autoras consideradas representantes do sertão de dentro e dos sertões de fora, cuja poesia foi publicada em diferentes suportes: livro e em fanzine. A análise seguiu as diretrizes propostas por Vernaide Wanderley e Eugênia Meneses. A escrita do trabalho seguiu um modelo de carta, tendo por destinatária a poeta Cora Coralina. Através dessa correspondência epistolar mostrou-se as nuances dos diferentes sertões que, ora é um lugar de poder, ora um entre-lugar, ora é um “self”, ora constitui os quatro elementos, bem como pode ser representado por cheiros, sabores e odores. Portanto, os sertões são polissêmicos, indo além de um espaço e um lugar de memórias e afetos.

Palavras-chave: Fanzine. Percepção ambiental. Nordeste. Centro-Oeste.

Referências

ABREU, J. C. d. Caminhos antigos e povoamento do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988.

ACKERMAN, D. Uma História Natural dos sentidos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.

AMADO, J. Região, sertão, nação. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 15, p. 145–151, 1995.

ANDRADE, M. C. d. A terra e o homem no Nordeste. São Paulo: Brasiliense, 1964.

ARAÚJO, E. Tão vasto, tão ermo, tão longe: o Sertão e o sertanejo nos tempos coloniais. In: PRIORI, M. del (Org.). Revisão do Paraíso: 500 anos e continuamos os mesmos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

BEZERRA, R. Querido Paulo Freire, deixe-me falar com você sobre o Sapere, Alimentos e Literatura (SAL) no Recife dos tempos da Covid-19 e de outrora. Revista Mangút: Conexões Gastronômicas, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 223–238, 2021. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/mangut/issue/view/1760>. Acesso em: 20 jul. 2021.

BORGES, R. Exposição resgatará a correspondência entre Cora Coralina e Drummond: Fundação Casa Rui Barbosa abre este mês a exposição “Nunca Te Vi, Sempre Te Amei”, onde mostra a relação dos poetas que nunca se viram, mas se admiravam. O Popular, Goiânia, 3 ago. 2021. Disponível em: <https://www.opopular.com.br/noticias/magazine/exposição-resgatará-a-correspondência-entre-cora-coralina-e-drummond-1.2296012>. Acesso em: 23 set. 2021.

BRITO, C. C. Das cantigas do beco: cidade e sociedade na poesia de Cora Coralina. Sociedade e cultura—Revista de Ciências Sociais, Goiânia, v. 10, n. 1, p. 115–129, 2007.

CORALINA, C. Estória do aparelho azul-pombinho. In: CORALINA, C. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo: Círculo do Livro, [199-?].

DANTAS, J. d. S.; FERREIRA, R. S. F. Memórias do espaço na produção lírica de Cora Coralina. VALITTERA—Revista Literária dos Acadêmicos de Letras, Dourados, v. 1, n. 2, p. 127–137, 2020.

DIENER, P. Iconografia das margens: A ‘Rota Pitoresca’ nos sertões do Centro-Oeste. In: PRIORI, M. del; GOMES, F. (Org.). Os Senhores do Rio: Amazônia, margens e Histórias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

FREIRE, P. Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em Processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

GUIMARÃES, E. Fanzine. João Pessoa: Marca de Fantasia e NAMID, 2020.

KURY, L. B. Manuel Arruda da Câmara: A República das letras nos sertões. In: KURY, L. B. (Org.). Sertões adentro: viagens nas caatingas séculos XVI a XIX. Rio de Janeiro: Andrea Jakobson Estúdio, 2012.

MACHADO, L. M. C. F. Paisagem valorizada: A serra do Mar como Espaço e como Lugar. In: RIO, V. del; OLIVEIRA, L. (Org.). Percepção ambiental: a experiência brasileira. São Paulo: Studio, 1999.

MAGALHÃES, H. Pedras no Charco: Resistência e perspectivas dos fanzines. João Pessoa: Marca de Fantasia e NAMID/UFPB, 2018.

MALATION, T. Narrador, registro e arquivo. In: PINSKY, C. B.; DE LUCA, T. R. (Org.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2015.

NEVES, E. F. A polissemia dos sertões. In: KURY, L. B. (Org.). Sertões adentro: viagens nas caatingas séculos XVI a XIX. Rio de Janeiro: Andrea Jakobson Estúdio, 2012.

NUNES, E. F. A polissemia dos sertões. In: KURY, L. B. (Org.). Sertões adentro: viagens nas caatingas, séculos XVI a XIX. Rio de Janeiro: Andrea Jakobson Estúdio, 2012.

NÓVOA, A. Carta a um jovem investigador em Educação. Investigar em Educação: Revista da Sociedade Portuguesa de Ciências de Educação, Porto, v. 2, n. 3, p. 13–22, 2015.

PACHECO, C. G. L. Los Fanzines como un recurso bibliográfico. Ciudad de México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2000.

PESAVENTO, S. J. História História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2005.

SIQUEIRA, E. L.; REIMER, I. R. Vida e obra de Cora Coralina. Caminhos, Goiânia, v. 18, p. 930–942, 2020.

SOUSA, N. Sertão. In: IVANOVA, A.; LACARNE, A. (Org.). Fanzine Mais Nordeste Por Favor 2: Especial Siará. Berlim: Bolagato Edições, 2019.

TELES, G. M. O lu(g)ar dos sertões. Verbo de Minas: letras, Juiz de Fora, v. 8, n. 16, p. 71–108, 2009.

WANDERLEY, V.; MENEZES, E. Viagem ao sertão brasileiro. In: WANDERLEY, V.; MENEZES, E. Leitura geo-sócio-antropológica de Ariano Suassuna, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa. Recife: FUNDARPE e CEPE, 1997.