Frans Post e as paisagens do Brasil holandês
O livro apresenta um estudo sobre a constituição do olhar holandês a partir da visualização da paisagem colonial nas telas do pintor Frans Post. O autor analisa a constituição de um mundo colonial por meio das telas de paisagens de Frans Post, buscando entender este “mundo” pelos conceitos naturais e humanos representados nas pinturas deste artista, que foi o primeiro a retratar as paisagens sul-americanas. Quando tinha 24 anos, Frans Post veio embarcado para o Pernambuco, com a comitiva do governador holandês da colônia, o príncipe João Maurício de Nassau, e ficou responsável por representar as vistas da colônia para os holandeses. O texto reflete sobre a construção visual dos aspectos naturais e humanos na paisagem do artista holandês e como este passou a compor um imaginário do colonizador sobre o estranho mundo americano. O olhar europeu (holandês) sobre as possessões conquistadas no Novo Mundo era carregada de exotismo e imaginação. Para compreender tal visão é de suma importância estudar as imagens imaginárias que foram erigidas por Frans Post no seu regresso à Holanda e as noções de paisagens e de natureza exótica, selvagem e virgem que os neerlandeses tinham quando pensavam sobre a colônia holandesa na América. O estudo usa primordialmente como fonte (visual) de pesquisa seis telas: Vista da Sé de Olinda (1662), Vista das ruínas de Olinda (sem data), Engenho (sem data), Engenho (1660), Vista da cidade Maurícia e do Recife (1653), e Paisagem com rio e tamanduá (1649). Todas estas imagens foram produzidas quando Frans Post regressou à Europa. A metodologia empregada na pesquisa privilegia a leitura de fontes primárias visuais e textuais pois estas representações textuais e pictóricas refletem o olhar colonizador seiscentista dos temas da história colonial da América que vamos chamar aqui de holandesa.