Política(s) e modernização: a implantação do programa “alimentos para a paz” e as frentes de trabalho no sertão do Seridó-RN (1968-1976)
Resumo: Este plano de trabalho traz como proposta de investigação o Programa Alimentos para a Paz, entre a segunda metade da década de 1960 e meados de 1970. O objetivo do trabalho é perceber como os programas propagandeados como sendo de ajuda humanitária realizados no Sertão nordestino se tornaram decisivos na sobrevivência dos moradores da região. As consequências da seca para a população eram extremas, uma das alternativas encontradas pelos governantes foi a criação das Frentes de Emergência. Uma das políticas públicas implementadas pelo Estado através da Aliança para o Progresso, um acordo entre Brasil e Estados Unidos com a intenção de minimizar os impactos sociais decorrentes dos grandes períodos de estiagem através da doação de excedentes americanos sob a garantia de pagamento em longo prazo. O governo do estado do Rio Grande do Norte objetivava com isso, conter parte da população flagelada nos seus lugares de origem, como também, minimizar a fome e o descontrole na economia local gerado por esse fenômeno climático. Esse plano de trabalho utiliza-se de documentos como relatórios, formulários, livros e jornais, fontes que estão disponibilizados no site da Hemeroteca Digital Brasileira. Publicações dos jornais, Diário de Natal, e O Poti, com data de circulação no período exposto, nos mostram que, mais do que as notícias de progresso, calamidade e assistencialismo, também houve uma constante insatisfação a partir de fatores que desestabilizaram cada vez mais a região, seriam esses, a fome, doenças, indústria da seca e, muitas vezes a morte. Ao longo do período estudado, foram postos em prática tanto o Programa Alimentos para a Paz, como as Frentes de Trabalho, ações voltadas para os sertanejos como atividades primordiais na sobrevivência da multidão, que tinha em troca da mão de obra na construção de obras emergenciais, um pagamento e pouca alimentação a serem repassados através dos convênios firmados entre os governos do Rio Grande do Norte e o governo dos Estados Unidos da América,
Palavras-chave: Sertão nordestino. Flagelados. Frentes de trabalho.
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